Trump indica possível revisão de tarifas ao Brasil durante agenda com Lula
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (25) que pode revisar as tarifas impostas ao Brasil “sob as circunstâncias corretas”. A declaração foi feita antes de sua viagem à Malásia, onde deve ocorrer um possível encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Segundo Trump, a decisão dependerá do andamento das negociações entre os dois países. “Acredito que vamos nos encontrar novamente. Conversamos brevemente nas Nações Unidas, e há boas chances de avançar em pontos de interesse mútuo”, afirmou o republicano em comunicado divulgado pela Casa Branca.
As tarifas em questão, de até 50% sobre produtos brasileiros, foram impostas por razões políticas e econômicas. Trump justificou a medida alegando que o governo brasileiro teria “perseguido” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado político. Contudo, a decisão acabou impactando também a economia norte-americana — especialmente o setor de carne bovina, que enfrenta alta recorde de preços devido à redução da oferta doméstica.
Enquanto isso, o governo brasileiro mantém otimismo em relação a um possível entendimento. Lula afirmou, em passagem pela Indonésia antes de seguir à Malásia, que está disposto a dialogar sobre todos os temas pendentes. “Se eu não acreditasse que é possível chegar a um acordo, eu não faria a reunião. O Brasil tem interesse em recolocar a verdade na mesa”, declarou o presidente.
Lula também destacou que pretende apresentar dados técnicos que comprovem o impacto negativo das tarifas para ambos os lados. “Quero provar com números que houve equívoco nas taxações. Nosso objetivo é mostrar que as relações comerciais precisam ser justas e equilibradas”, disse.
Além das questões econômicas, o petista deve discutir as sanções aplicadas pelos EUA a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tema considerado sensível na relação bilateral. “Quero conversar sobre a punição imposta a ministros brasileiros da Suprema Corte. Precisamos tratar com franqueza de todos os assuntos”, completou.
A Casa Branca e o Palácio do Planalto ainda não confirmaram oficialmente o encontro, mas fontes de ambos os governos indicam que as agendas foram ajustadas para permitir uma reunião informal entre os líderes durante a cúpula.
Se o gesto de Trump se concretizar, pode representar um novo capítulo nas relações Brasil-EUA, marcadas por tensões políticas, mas também por interesses comerciais expressivos — especialmente nas áreas de energia, agricultura e tecnologia.

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