Lula reforça combate ao crime organizado após megaoperação no RJ e alerta: “sem inocentes em risco”
Em pronunciamento nesta quarta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu maior coordenação entre União e estados para desarticular facções criminosas, após a operação que deixou mais de 60 mortos na zona norte do Rio de Janeiro.
Na esteira da grave operação policial nos complexos do Complexo do Alemão e da Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, o presidente Lula fez um pronunciamento em que reafirmou o compromisso do governo federal no enfrentamento ao crime organizado — mas com ênfase clara em evitar que policiais, crianças ou famílias inocentes sejam atingidas.
O que ocorreu
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A ação conjunta das forças de segurança teve como alvo a facção Comando Vermelho (CV). O balanço oficial apontava 64 mortos, incluindo quatro policiais, segundo informes iniciais.
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O governo federal manifestou preocupação com o elevado número de mortes e ressaltou que a estratégia de enfrentamento precisa focar no “cérebro” das organizações criminosas, e não simplesmente na intensa letalidade.
O que Lula afirmou
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Segundo o presidente, “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades.”
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Ele reforçou que é necessário “um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”.
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Lula também destacou que esse tipo de atuação envolveu recentemente “a maior operação da história do país” — uma que mirou no setor financeiro de uma quadrilha e “chegou ao coração financeiro” da facção.
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Ele colocou no Congresso a necessidade de aprovação da PEC da Segurança, que pretende articular de modo mais amplo a atuação das forças de segurança federais, estaduais e municipais no enfrentamento das facções criminosas.
Contexto e implicações
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A operação no Rio reacendeu o debate sobre qual deve ser a estratégia de enfrentamento das facções criminosas no país: se o modelo “intensivo” de confronto armado ou se um modelo mais integrado, que combine inteligência, desestruturação financeira, cooperação intergovernamental e respeito aos direitos humanos.
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Fontes do governo federal criticaram que estratégias que resultam em centenas de mortes podem acabar sendo ineficazes a longo prazo, se não simultaneamente forem combatidos os fluxos financeiros, logística e comando das organizações criminosas.
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O fato de Lula ressaltar o risco para “inocentes” evidencia uma preocupação com a percepção pública e com eventuais impactos negativos à comunidade local — lembrando que em operações como estas, há grande repercussão quando civis são atingidos ou morrem em meio ao conflito.
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Por outro lado, houve críticas da oposição e de especialistas sobre possível omissão federal ou falta de articulação prévia com o governo do estado do Rio, o que agrava a tensão entre União e estados nas questões de segurança pública.
O que vem pela frente
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Será decisivo observar se o governo federal intensificará operações envolvendo a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança Pública e outros órgãos, de forma articulada com os estados, para desmantelar as estruturas criminais — e não apenas as “frentes de combate”.
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A tramitação da PEC da Segurança será acompanhada de perto pelos estados, que já demonstram reservas quanto à centralização de competências do estado federal em segurança pública.
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A estratégia de segurança passará a ter mais visibilidade além dos confrontos: rastreamento de ativos, lavagem de dinheiro, cooperação internacional, bloqueio de armas, expansão de inteligência e ações de prevenção social podem ganhar destaque.
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A resposta social — das comunidades, da sociedade civil e da opinião pública — será chave para legitimar ou questionar esse tipo de enfrentamento: se for percebido como “guerra nas favelas”, pode gerar reações negativas; se for visto como “proteção aos civis”, pode reforçar apoio.

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